sábado, 28 de fevereiro de 2009

NATUREZA / AZURETAN






"Nós os índios, sempre cantamos
e dançamos nas nossas cantorias,
como forma de manter a unidade
do nosso povo e
a alegria da comunidade.
Se a gente cantar e dançar,
nós nunca vamos acabar."


(Verônica Tembé; líder da aldeia Tekohaw, do povo Tembé)



LENDA DO GUARANÁ









Conta a tradição oral dos índios saterê-mawê, que o guaraná nasceu dos olhos de um menino.


Antigamente, existiam três irmãos: Okumáató (Icatareté), Ikuamã (amã) e Onhiamuaçabê (Tupana), que era mulher solteira e cobiçada por todos os animais da floresta, causando ciúmes aos irmãos que a queriam sempre como companhia, por causa dos conhecimentos que possuía sobre plantas medicinais.

A lenda diz que, certo dia, uma cobrinha ficou à espreita no caminho de Onhiamuaçabê e a tocou levemente em uma das pernas, engravidando-a.

A mitologia indígena afirma que para uma mulher engravidar bastava que fosse tocada por homem, animal ou planta que a desejasse como esposa.

Desse contato nasceu um curumim bonito e forte. Na idade de entender as coisas, o curumim ouviu da mãe que ao senti-lo no ventre plantara para ele uma castanheira no Noçoquém (lugar sagrado onde ficavam todos os animais e plantas úteis), mas que seus irmãos tomaram o terreno e a expulsaram por causa da gravidez.

Ele, então, certo dia, decidiu comer as castanhas. O lugar, no entanto, estava sob a guarda da cutia, da arara e do periquito. Este denunciou o ato a Okumáató e Ikuamã. No dia seguinte, quando o pequeno saterê-mawê voltou a Noçoquém, os guardas o esperavam para matá-lo.

Pressentindo a morte do filho, Onhiamuçabê correu para defendê-lo, mas o curumim já havia sido decapitado. Desesperada, sobre o cadáver da criança jurou dar continuidade à sua existência.

Arrancou-lhe o olho esquerdo e o plantou na terra. O fruto desse olho não prestou: era o guaraná-rana (guaraná falso). Em seguida, arrancou-lhe o olho direito e deste nasceu o verdadeiro guaraná. E como o sentisse vivo ainda, exclamou: “tu, meu filho, serás a maior força da natureza; farás o bem a todos os homens e os curarás e livrarás das doenças” .

E a planta do guaraná foi crescendo, crescendo... Passado algum tempo, Onhiamuçabê foi atraída, diversas vezes, por ruídos na sepultura do filho, que a cada vez que a abria de lá saía um animal.

Assim nasceu o macaco cuatá, o cachorro, o porco-do-mato e o tamanduá bandeira. Novamente atraída pelos ruídos, abriu a sepultura do filho, mais uma vez, e dela saiu uma criança que foi o primeiro mawê. Era o filho dela que renascera.

Quando os mawês descobriram e domesticaram a planta silvestre do guaraná, tipo de trepadeira enroscada nos galhos de imensas árvores amazônicas, ninguém sabe.

Mas suas histórias contam que o guaraná é filho de uma índia que dominava o segredo das plantas medicinais e sabia preparar os remédios da floresta.

Em suma, é fruto da saúde que livra os homens das moléstias, curando-os e mantendo o equilíbrio da vida no delicado ambiente da floresta. Nele está presente a idéia da eterna transformação da vida, em que desaparecem as fronteiras entre os homens, animais e plantas e denota a perfeita integração do índio com a natureza.


http://www.sumauma.net/amazonian/lendas/lendas-guarana.html
"... a preservação da cultura indígena,
em vez de barrar o progresso,
como dizem alguns caçadores de índio,
estará salvando nosso país
da destruição de muitos valores,
provocada por essa selvagem
civilização tecnocrata."


(Margarida Tapeba ; professora indígena do povo Tapeba.)

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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009




CURUMIM

QUE MUNDO
VOCÊ ESPERA
DE MIM?




'Só os índios, hoje, se preocupam com o futuro. Os brancos só olham para o presente'.

Entrevista com Dom Erwin Kräutler


“Se a gente toma posição a favor dos colonos, sem-terra, agricultores, sem-teto, isso provoca alguém que pensa que vai perder com essa posição.” Foi assim que Erwin Kräutler, bispo de Altamira, município situado em plena selva amazônica do Pará, “adquiriu” seus inimigos. Lá, ele enfrenta os perigos que sua posição o impõe, incluindo constantes ameaças de morte. Por 23 anos, trabalhou ao lado de Irmã Dorothy Stang, até quando, em fevereiro de 2005, aqueles que tanto o ameaçam contra sua luta tiraram a vida da missionária estadunidense."

IHU On-Line – Como é para o senhor enfrentar os perigos de lutar contra os poderosos da Amazônia?

Dom Erwin – Acredito que não conseguimos enfrentar, de verdade, porque o problema é que tomamos posição e não procuramos brigar nem provocar ninguém. No entanto, se você toma posições a favor de um segmento da sociedade que é menos favorecido, você se torna adversário dos outros sem querer, porque contraria interesses de governança. Por exemplo, eu me coloquei ao lado dos povos indígenas, que têm direito à sua terra e isso é, automaticamente, visto como característico de quem é contra o progresso e desenvolvimento. Se a gente toma posição a favor dos colonos, sem-terra, agricultores, sem-teto, isso provoca alguém que pensa que irá perder com essa posição. De modo especial, esses aventureiros que vão para a Amazônia e querem enriquecer da noite para o dia se sentem “pisados no calo”. E eles reagem porque não têm argumento. Quem não tem argumento reage de maneira irracional, com ódio, faz ameaças e tem rancor.


IHU On-Line – Para o senhor, o que está em jogo em Roraima?

Dom Erwin – A área de Raposa Serra do Sol foi demarcada e homologada. O processo de demarcação de área indígena é o seguinte: primeiro se identifica a área, através de estudo antropológico. Depois, ela é delimitada. A seguir, é feita a demarcação, onde a área é oficialmente indígena. E o passo final é a homologação, ou seja, o presidente assina o decreto dizendo que essa área é indígena. Esse é o caso de Raposa Serra do Sol, pois a área foi homologada. Todos os passos foram feitos. Agora, claro, aqueles que estão lá dentro não têm direito de ficar. A área é indígena, e não de terceiros, que a invadiram. Então, o governo tem obrigação, através de suas forças, de tirar os intrusos. No momento, acontece o seguinte: seis arrozeiros se negam a sair. Através dessa liminar do Supremo Tribunal Federal, que solicitou a suspensão da ação da Polícia Federal para retirá-los, eles passaram a se sentir na pele da lei. Esse é o maior absurdo que já ouvi na minha vida. Nossa justiça é classista, pois defende o direito dos intrusos, dos que não têm direito. Os arrozeiros estão festejando como se tivessem ganhado a maior vitória.

IHU On-Line – Qual é a sua avaliação do governo Lula em relação à violência contra os povos indígenas brasileiros? Qual será a função do relatório que o CIMI lançou durante esta semana?

Dom Erwin – O empenho do atual presidente é de quem não tem muita afinidade com a causa indígena. Ele não conhece bem os povos indígenas e tem uma visão de desenvolvimento que não se pode aplicar a eles. O seu modelo de desenvolvimento é economicista. Não é de um povo, da pessoa, da família. O PAC é um exemplo disso, porque visa o agronegócio, a exportação, aumentar o crescimento econômico e não os valores de um povo.

Nós apresentamos o relatório sobre a violência contra os povos indígenas 2006-2007 e ele é estarrecedor, pois, ao invés de diminuir, aumentou muito. Não é possível que aqui no Brasil, em pleno século XXI, ainda se mate índio a torto e a direito. O índio é, também, induzido ao suicídio ao ser encurralado numa área diminuta e não tem condição de sobreviver nem fisicamente nem culturalmente. Esse relatório é uma chamada para mobilizar a sociedade e o governo para dar um basta na violência que ceifa a vida dos índios.

IHU On-Line – Qual é a sua avaliação da Assembléia dos bispos desse ano?

Dom Erwin – Foi muito positiva, no sentido de que conseguimos vencer uma pauta enorme e homérica. Discutimos os documentos e as Diretrizes da Ação Pastoral 2008-2010 e, depois de várias notas, escrevemos novos documentos, inclusive uma moção de apoio aos povos indígenas de Raposa Serra do Sol. Depois, os bispos escreveram um documento de solidariedade aos outros que estão ameaçados de morte, entre outras muitas coisas.


Entrevista na íntegra:

http://www.unisinos.br/ihu/index.php?option=com_entrevistas&Itemid=29&task=entrevista&id=13213



"Não esqueça.
Cada amanhecer é
um acontecimento sagrado
e cada dia é sagrado,

pois a luz vem de Wakan Tanka
(Grande Mistério).

E vocês também devem lembrar
que os Duas-Pernas(Seres Humanos)

e Tudo que está sobre esta Terra
é Sagrado
e deve ser tratado como tal." .


Mulher Novilho Búfalo Branco, citada por Black Elk, 1947.

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terça-feira, 24 de fevereiro de 2009


Mitologia e Cosmologia Indígena Brasileira





Todas as civilizações tiveram ou têm a sua cosmogonia, através da qual interpretam a realidade e se relacionam com ela. São as explicações para as origens do universo, da vida e na natureza como um todo, recheadas de lendas e mitos.

Esses personagens e histórias, em geral, são didáticos, estabelecem regras e normas de comportamento. Os índios brasileiros, por exemplo, têm uma concepção do universo que privilegia a natureza, sua fonte de sustento. O homem é incluído nela como parte integrante, em condições de igualdade, sem privilégio.

Algumas tribos acreditam que Tupã, depois de criar o universo, criou os semi-deuses, o homem e outras criaturas com as quais povoou a Terra. Tupã criou também o Mundo superior, onde habitam os deuses e os bons, e o Inferior; onde ficam os maus e os seres demoníacos. Anhangá, por exemplo, é um deus maldito, cheio de ódio em seu coração, enviado para o mundo Inferior.

Entre as criaturas que Tupã espalhou pela Terra estão o Curupira, um semi- deus que protege as florestas e a natureza da ação destrutiva dos homens. O Curupira é uma criatura baixinha e de cabelos de fogo. Sua lenda revela o ponto central da relação dos índios brasileiros com mata. Não é uma relação de exploração, de uso indiscriminado. É uma relação de respeito pela vida, uma relação de troca. O Curupira não se incomoda, por exemplo, com o "bons caçadores", aqueles que vão à caça para matar a fome. Os "maus", no entanto, que matam para ser divertir, ou indiscriminadamente, fêmeas e filhotes, acabam caindo nas armadilhas do Curupira.

Aliás, para os bons, ele nem aparece. E quem o viu, conta a lenda, está correndo até hoje. Seu truque predileto é se transformar em caça, uma paca, um tatu, onça ou qualquer outro bicho que atraia os caçadores para o meio da floresta. E lá eles ficam, perdidos para sempre. Mesmo sabendo que matar animais abater árvores para a subsistência não é alvo da ira do Curupira, os índios entram na mata cheios de respeito e termos. Eles costumam levar sempre presentes para agradar ao protetor da floresta, como fumo, comida, flechas e objetos que deixam nas trilhas.

Essa relação dos índios com a natureza, estabelecida pela forma com eles compreendem o cosmos, contrasta com a visão judaico-cristã do mundo, onde o Deus criador é um ser parte, que construiu o universo e entregou- o ao homem para que usasse conforme os seus desejos. O homem é superior a tudo.

Na visão da lenda indígena, Tupã continuou preocupado com aquilo que criou, impôs regras, estabeleceu limites para a sua utilização. Criou até seres que fiscalizam. Nesse caso, o homem é parte integrante da natureza, que deve se relacionar de igual para igual com o meio- ambiente.


Copilado por: Gustavo Elias e Claudia Mathias Fonte: Revista Pará – Governo do Pará
http://www.geocities.com/gustavo_elias/mitobras.html
Copyright © 2001 Aengus Mac ind Óg
Todos os direitos reservados



Jaguar Panthera

Felino símbolo da fauna brasileira
Da floresta o seu reinado se faz
Silencioso seu urro não levanta
Mas ao bote ele agiganta

Sagrado grande animal de pintas
Alçando vôo em patas fortes
De garra afiada de grande envergadura
Lindo e majestoso uma nobre estatura

Dos reis é príncipe do norte
De mata densa sua casa é o tesouro
Ainda assim as faz e domina
Venerável felino cor de ouro

Onça pintada de pinta preta
A cor amarela do nosso Brasil
Sua forte bandeira o norte engrandece
Do animal tão raro enobrece

André Fernandes

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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009


SAMAÚMA: A RAINHA DA FLORESTA.


Esta linda foto de Octavio Campos Salles mostra a grandeza dessa que é conhecida como a Rainha da Floresta, a Samaúma. Essa árvore consegue retirar a água das profundezas do solo amazônico e trazer não apenas para abastecer a si mesma, mas também pra repartir com outras espécies.



A samaumeira é tipicamente amazônica, conhecida como a “árvore da vida” ou “escada do céu”. Os indígenas consideram-na “a mãe” de todas as árvores. Suas raízes são chamadas de sapobemba. Estas raízes são usadas na comunicação pela floresta, que é feita através de batidas em tais estruturas. Possui uma copa frondosa, aberta e horizontal.

Além disso, a árvore apresenta propriedades medicinais e é considerada pelos povos da floresta, uma árvore com poderes mágicos, protegendo inclusive as demais árvores e os habitantes da floresta.

Conta à lenda, que com tanto poder, a árvore consegue afastar e assustar quem entra na mata mal intencionado.

http://www.planetaturismo.com/programas_anteriores/programa-anteriores-16-08-08_02.htm
blog.flaviogut.com/.../




Declaração -A Voz de Um Povo


Esta declaração foi aprovada pelos delegados presentes à I Conferência Internacional dos Povos Indígenas, realizada em Port Alberni, Columbia Britânica, em 1975, a qual deu origem ao estabelecimento do "Conselho Mundial do povos Indígenas".


Nós, os Povos Indígenas do mundo, unidos neste canto de Nossa Mãe Terra, em grande assembléia de homens de saber, declaramos a todas as nações:

Glorificamos nosso honroso passado:
quando a terra era a mãe que nos alimentava,
quando o céu noturno era nosso teto comum,
quando o sol e a lua eram nossos pais,
quando todos éramos irmão e irmãs,
quando nossas grandes civilizações cresciam, sob o sol,
quando nossos chefes eram grande líderes,
quando a justiça ditava as regras da Lei e sua execução.

Então os outros povos chegaram:
sedentos de sangue, de ouro, sedentos de terra e toda sua riqueza,
carregando a cruz e a espada, uma em cada mão,
sem saber ou esperar para aprender os caminhos de nossos mundos,
consideram-nos como sendo menos que animais,
roubaram nossas terras e delas nos arrancaram,
e tornaram escravos os Filhos do Sol.


No entanto, nunca foram capazes de nos eliminar
nem de apagar de nossas memórias aquilo que fomos,
porque somos a cultura da terra e do céu,
somos de antiga linhagem e somos milhões,
e embora todo nosso universo possa ser dizimado,
nosso povo ainda viverá
por mais tempo ainda do que o reino da morte.

Agora, viemos dos quatro cantos da terra,
protestamos diante do concerto das nações,
que "somos os Povos Indígenas, nós,
os que temos consciência da cultura e de tudo
o que diz respeito ao povo,
dos limites das fronteiras de cada país,
e marginais à cidadania de cada país".

E levantando-nos, depois de séculos de opressão,
evocando a grandeza de nossos ancestrais,
em memória de nossos mártires indígenas,
e em homenagem ao Conselho de nossos sábios anciões:

Prometemos solenemente retomar o controle de nosso próprio
destino e recuperar nossa completa humanidade e
orgulho de sermos Povos Indígenas.

http://www.almasdivinas.com.br/nativo/voz_de_um_povo.htm



La espiritualidad no puede ser comprada ni vendida,

y nadie tiene derecho de lucrar con ella.

Las oraciones no pueden ser compradas.

Quienes participan y apoyan a los "curanderos",

"jefes", "líderes de tribus" y "shamanes" fraudulentos

solamente están sanando las finanzas personales del exponente y,

al hacerlo, contribuyen a la destrucción no sólo de la cultura Lakota

sino también de los caminos espirituales de todos los pueblos indígenas.

— Lakota Oyate (www.lakotaoyate.com)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009


CURUMIM
Tão perto de mim
Me dê um abraço
sem fim





POVOS INDÍGENAS NO ESTADO DE SÃO PAULO


A existência de povos indígenas vivendo no Estado de São Paulo ainda é pouco conhecida por grande parte da população brasileira.

No entanto, os índios no Estado de São Paulo somam uma população considerável, que aumenta a cada ano.

No censo de 2000, o IBGE levantou a existência de uma população de 63.789 indígenas no Estado de São Paulo.

Desse total, cerca de 4.000 indígenas, dos povos Guarani, Kaingang, Terena e Krenak, residem em 31 Terras Indígenas, localizadas na Capital, na Baixada Santista, no Litoral Norte, no Oeste Paulista, no Vale do Ribeira e no Complexo Estuarino Lagunar Cananéia-Iguape.

Os Guarani (Mbya e Nhandeva) compõem a maior população indígena vivendo em Terras Indígenas no Estado de São Paulo. Em março de 2005 eram, aproximadamente, 3.200 Guarani, distribuídos em 31 aldeias.

O restante vive na Região Metropolitana de São Paulo. Já em 1998, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE indicava uma população de 33.829 indígenas na Região Metropolitana de São Paulo.

Grande parte desses índios é proveniente do Nordeste, como os Pankararu, os Fulni-ô, os Pankararé, os Atikum, os Kariri-Xocó, os Xucuru, os Potiguara e os Pataxó.

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Conforme os dados levantados pela CPI-SP, atualmente no Estado de São Paulo existem:

• 31 Terras Indígenas (38 aldeias).
• 29 Terras Indígenas com comunidades Guarani.
• 3 Terras Indígenas com comunidades Kaingang, Krenak e Terena.

Como no restante do país, no Estado de São Paulo, a principal demanda das comunidades indígenas é a regularização fundiária de seus territórios.

• Das 31 terras indígenas existentes no Estado de São Paulo, apenas três encontram-se com sua situação fundiária regularizada: Serra do Itatins (Itariri); Rio Branco (Itanhaém) e Aguapeú (Mongaguá).
• 15 terras Guarani aguardam para serem identificadas e delimitadas.
• Das 12 terras indígenas já homologadas, 6 se encontram em processo de revisão dos seus limites e 4 aguardam que seus limites sejam revisados.

A revisão dos limites destas terras é extremamente necessária, pois as mesmas são insuficientes para que as comunidades vivam de acordo com suas culturas e de forma sustentável.
O caso mais extremo é a Terra Indígena do Jaraguá, com uma área de 1,75 hectares, onde atualmente vivem mais de 50 famílias com cerca de 220 pessoas. A T.I. Jaraguá é uma das que se encontra em processo de revisão dos seus limites.

No final de 2007 e inicio de 2008 a Funai constituiu GTs (Grupos Técnico) para realização de:
• Estudos de identificação e delimitação de duas terras indígenas: Barão de Antonina e Itaporanga, localizadas no Oeste Paulista.
• Revisão de limites de duas terras indígenas: Boa Vista, no Litoral Norte e Araribá, no Oeste Paulista.
• Estudos complementares de identificação e delimitação da Terra Indígena Piaçaguera, no Litoral Sul.

Esses GTs são formados por colaboradores, em sua maioria, pesquisadores de Universidades, que não são remunerados. Essa foi a forma encontrada pela atual gestão da Funai para, mesmo com poucos recursos financeiros, retomar o processo de regularização das terras indígenas do Estado de São Paulo, paralisado, desde 2005.

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Maiores informações:
http://www.cpisp.org.br/indios/

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

TERRA DE DIVERSIDADES

Uma mistura de paz e de guerra
Urbana e rural, índios da terra
Pedem ou gritam por atenção

Uma mistura de raça e alma
Branca e negra, índios na palma
Da terra fez-se miscigenação

Brasil, mistura de ódio e amor
Canções e novelas, índios em dor
Sem terra, marcando uma nação

ANORKINDA NEIDE

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TAMBA-TAJÁ




Possuindo uma heráldica, uma tradição cativante que o recomenda às preferências domésticas, já pelo talho ornamental, já pelos irresistíveis dotes talismânicos, o tajá é visto em profusão nas casas de família de Belém e Manaus e espalha-se pelas habitações de todo o interior, graças aos poderes secretos que lhe emprestam os mestres da pajelança local.


O tajá "curado" ou trabalhado nos segredos e mistérios da bruxaria, constitui-se num inestimável auxiliar e protetor de seus possuidor, podendo ser usado para felicidade, amor, sorte ou caça e até prender o ser amado.

Nunes Pereira escreve:


"As virtudes dos tajás dos macuxis são incontáveis como seus tipos. Há tajás para defender a casa e a roça indígena; tajás para fazê-lo bom caçador e bom pescador; tajás para torná-lo invisível aos inimigos e mesmo aos astutos do cruel Kemé; Tajás contra fadiga; tajás para vencer todas as provas; tajás que o faz querido das mulheres."

Osvaldo Orico, já lhe confere outros predicados:


"A mais bela versão é emprestada ao tajá-sol. Possui este, no centro da folha, uma grande mancha vermelha com formato de coração, cercado pela moldura verde. Quando os índios estavam longe da amada e sentiam necessidade de vê-la, recorriam a um processo mais veloz que o aeroplano e menos dispendioso que a televisão. Gritam o nome da pessoa desejada no centro do tajá do sol. E logo, a imagem do ente querido aparecia na parte rubra da folha, como um espelho incendiado pelo poder da ausência."


LENDA DO TAMBA-TAJÁ

Há milhares anos atrás, na tribo Macuxi, havia um guerreiro forte e corajoso que se apaixonou por uma linda jovem de sua aldeia. Ela lhe correspondeu tão nobre sentimento e passadas algumas luas, uniram-se em matrimônio.

Casal tão apaixonado nunca mais existiu. Passavam sussurrando juras de amor baixinho, um para o outro. Mas eis que um dia, um estranho mal se acometeu da indiazinha, tornando-a paralítica. O índio Macuxi, para não separar-se de sua amada, teceu uma tipóia e a carregava em suas costas. Mas apesar de tantos cuidados e carinhos, ela não resistiu à enfermidade e morreu.

O guerreiro foi então à floresta e cavou um buraco à beira de um igarapé, enterando-se junto com sua adorada esposa, pois sua vida não tinha mais sentido sem ela.

Ao cair de algumas e chegando a grávida Lua Cheia, da sepultura brotou uma delicada planta, uma espécie desconhecida para os mais entendidos índios Macuxis.


Era a Tamba-tajá, planta de folhas triangulares, de cor verde, trazendo em seu verso outra folha de tamanho reduzido, onde visualizava-se um bordado de um desenho que parecia-se com o desenho de um órgão sexual feminino. A união das duas folhas, representava o grande amor do casal que nem mesmo a morte conseguiu separá-los.



Texto pesquisado e desenvolvido por ROSANE VOLPATTO Bibliografia: Amazônia - Gastão de Bettencout ,Moronguêtá - Nunes Pereira





TERRA, NOSSO PLANETA ÁGUA!

Seja todo o nosso Amor e a Paz em nossos
corações a energia que te tornará GAIA, Mãe
Feliz. Somos gratos por ter nos acolhido em
teu ventre frondoso, ornando nossa jornada,
com as cores de teu amor. Deixa-nos retribuir
Mãe e nesta vibração, curar algumas, das muitas
feridas, que te causamos, em nossa imaturidade
espiritual. Seja feliz, Gaia!

Raishka

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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009


A FORÇA DO CONHECIMENTO ANCESTRAL


Eliane Potiguara






Relação de gênero na espiritualidade indígena e
o combate à violência

Por que agüentamos tanta violência? Nós, mulheres dos segmentos dos povos indígenas e afrodescendentes ainda agüentamos tanta violência porque não reforçamos a nossa mulher interna, a mulher selvagem que existe dentro de nós, a mulher primitiva, no sentido “primeiro”. Uma mulher deve andar com a força a sua frente, a profunda natureza intuitiva dessa mulher deve prevalecer na dualidade obrigatória de toda a mente feminina. E QUEM DÁ ESSA FORÇA? Receber a herança ancestral de nossa família ou de uma cultura é uma missão a cumprir, isso é praticamente obrigatório dentro da anima. Mas levar adiante essa herança é SABEDORIA. Quais as rasteiras que devemos dar no neocolonizador, no opressor político-cultural para despertarmos a força interior e transformá-la em sabedoria e arma para o crescimento da humanidade e melhor qualidade de vida? Como purificar a persona que existe em nós, com tantos vícios impostos pelo sistema político e econômico que nos racializa, nos oprime, nos mata e torna nossa auto-estima deplorável e faz com que aceitemos pacíficas, durante séculos, a violência, seja física, psicológica, sexual, mental e até espiritual!!!! Franz Fanon mostra em seu livro “Condenados da Terra” os resultados psicológicos maléficos da opressão política e racial ao povo argelino e há mais de 20 anos temos lido esse texto, tão atual ainda nos dias de hoje!!!!

A chama do conhecimento ancestral seja indígena ou oriunda de outras raízes deve ser despertada imediatamente na anima de todas as mulheres e dos homens também, para que possa despertar o feminino dentro deles e a parceria homem/mulher seja comungada dentro dos princípios dos direitos humanos mais transcendentais. Quando despertamos essa força começamos a reconhecer a sombra negativa da nossa psique, os aspectos negativos de nosso comportamento, o nosso inimigo interno e neste processo começamos a reagir contra a opressão, o racismo e a destruição causados a nossa persona, que vai se somando a milhares e milhares de mentes do planeta Terra nestas partes do mundo que se permitem chamar “Terceiro Mundo”, obscuro, oprimido social, racial, econômica e politicamente.

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Por que agüentamos tanta violência subliminar? A intuição é a mensageira da alma, a intuição é a força do conhecimento tradicional, ancestral. A tocha da ancestralidade, inclusive genética, deve ser trabalhada dentro de cada um de nós, pois ela é riquíssima em conhecimentos, sejamos indígenas, negros, amarelos ou brancos. O nosso cérebro, fisicamente, guarda espaços e tradições jamais alcançados, é preciso lembrar/despertar da escuridão mental e espiritual e deixar fluir o inconsciente coletivo para que ele flutue nos mares da consciência, essa que dá a tônica da vida. É preciso uma força extraordinária para resgatar os conceitos e princípios da ancestralidade que cada um tem dentro de si. É ética. É princípio. É busca inclusive da paz que vai se somar à construção da corrente do amor e da ética. Mas, só a conscientização de quem somos nós, como povos indígenas, ou oriundo de outras raízes é que vamos perceber, desvelando a riqueza, a preciosidade que existe adormecida na vastidão das mentes, dos corações e dos espíritos. O homem – o homem masculino - que também tenha buscado esse homem selvagem, esse homem “primeiro”, ancestral dentro de si, é o verdadeiro homem que vai conquistar o coração de uma mulher, pois ele vai compreender e reconhecer profundamente a dualidade feminina, a guerreira e a mãe doce e pacífica que existem dentro de todas as mulheres. E a guerreira, a ancestral, a mãe selvagem, a filha, todas reunidas numa só, não vão mais permitir a sombra negativa que ronda o planeta Terra, a submissão, porta aberta para a violência, porque ela, a mulher, purificando sua persona, vai multiplicar muitas outras personas, começando pelo seu próprio filho homem, futuro cidadão, futura cidadania mundial, para construção da cultura da verdadeira paz e da igualdade social. E a relação de gênero neste estágio será bem melhor do que a do tempo contemporâneo, que nos faz sucumbir à dor, que nos leva ao desamor a nós mesmos e ao próximo. Nesse processo de reconstrução do ser humano vamos lapidando o grande diamante que é a consciência humana.

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É necessário fazermos uma reavaliação das histórias de vida de nossos velhos profetas, homens e mulheres, sejam eles de qualquer etnia, nação, religião, corrente espiritual dando uma NOVA INTERPRETAÇÃO às suas palavras. Não interpretações segundo crenças viciadas, costumes velhos, velhos modelos, velhos preconceitos, mas novos recomeços e profundas percepções das filosofias deles, para chegarmos aos verdadeiros caminhos para a construção dessa paz e ética.

Texto completo:
http://www.elianepotiguara.org.br/textos2.html



"As mulheres honram o seu Caminho Sagrado quando se dão conta do

conhecimento intuitivo inerente a sua natureza receptiva. As mulheres precisam

aprender a amar, compreender, e, desta forma, curar umas às outras. Cada uma

delas pode penetrar no silêncio do próprio coração para que lhe seja revelada a

beleza do recolhimento e da receptividade".

Jamie Sams

(escritora de temas Xamânicos)

domingo, 15 de fevereiro de 2009

UM ÍNDIO

Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias

Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá

Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico
Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito

E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio.


(Música e letra Caetano Veloso)

sábado, 14 de fevereiro de 2009


ENCONTRO POR ACASO


Atiã Pankararu, liderança indígena de seu povo e muito ligado as manifestações tradicionais Pankararu, estava participando do evento Mídias Nativas, que foi realizado entre os dias 26 e 27 de março de 2008, no Centro Cultural de São Paulo, no bairro do Vergueiro/SP. Onde no dia 26 de março, durante um intervalo do evento, Atiã deu uma volta pelo Centro Cultural, onde sem esperar, encontrou uma exposição sobre a expedição de Mario de Andrade, feita no nordeste no ano de 1938. Foi então que Atiã na Campânia, de mais dois índios Anapuaka Pataxo Hãhãhãe e Alex Pankararu, sugeriu para os dois para irem ver a exposição, pois essa expedição de Mario de Andrade, realizado nessa mesma época tinha passado pelo povo Pankararu.
E na exposição, começou a ver fotos que eram expostas em tamanho real, onde Atiã encontrou com a foto de sua bisavó, a índia Pankararu Maria Calu que foi uma grande guerreira de sua época , um momento muito emocionante para Atiã , que não conteve suas lagrimas . Pois ele nuca imaginava encontra a historia de seu povo mesmo em lugar tão distante de seu território tradicional.
Ate porque não só tinha fotos de Maria Calu, e sim mais fotos, vídeos, áudios e literatura de cordel, contando não só a historia do povo Pankararu, mas também as manifestações cultural, de Pernambuco e Paraíba, no ano de 1938.

E essa exposição da expedição de Mario de Andrade, é permanente no Centro Cultural de São Paulo ,de terça a domingo, das 10h ás 17h, que fica localizado na Rua: Vergueiro,1000,Paraíso - São Paulo- SP.

Marianne Pankararu
http://www.indiosonline.org.br/blogs/index.php?blog=5&p=2646&more=1&c=1&tb=1&pb=1#more2646

PROFECIA NAVAJO
Tribo Norte-americana
GUARDIÕES DO AMANHÃ




Quando o Tempo do Búfalo estiver para chegar, a terceira geração de crianças de Olhos Brancos deixará crescer os cabelos, e começará a falar do Amor que trará a Cura para todos os Filhos da Terra.
Estas crianças buscarão novas maneiras de compreender a si próprias e aos outros. Usarão penas, colares de contas, e pintarão os rostos.
Buscarão os Anciãos da nossa Raça Vermelha para beber da Fonte de sua Sabedoria.
Estas crianças de olhos brancos servirão como um sinal de que nossos Ancestrais estão retornando em corpos brancos por fora, mas Vermelhos por dentro.
Elas aprenderão a caminhar novamente em equilíbrio na superfície da Mãe Terra, e saberão levar nossas idéias aos Chefes Brancos.
Estas crianças também terão de passar por provas, como acontecia quando ainda eram Ancestrais Vermelhos...
A Roda do Arco-Íris surgirá sob a forma de um Cachorro do Sol para todos aqueles que estiverem prontos para vê-la. O Cachorro do Sol forma um Círculo de Arco-Íris apontando para as Quatro Direções...
Esta será a linguagem que o Céu usará para nos dizer que já chegou o momento de compartilhar os Ensinamentos Secretos e Sagrados entre todas as raças.
Muitos Filhos da Terra despertarão para assumir a responsabilidade dos ensinamentos e o processo de Cura Planetária começará a tomar novo impulso"

(Jamie Sams in Cartas do Caminho Sagrado).


http://www.guardiaesdoamanha.org.br/index.php?add=Artigos&file=article&sid=4&ch=1

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

BUSCANDO A PAZ E VIVENDO LIVRE

Você pensa que quebrou nosso espírito
Mas agora você precisa saber.

As nuvens foram negras mas os
Ventos sagrados sempre soprarão.

Nós amamos e cuidamos de nossa
Mãe - Terra. Veja: você parece
esquece-la como a um grão de areia.

Enquanto as árvores brotam e
sabem quando crescer
escondidas na neve do inverno.
Nós ainda surgiremos e brilharemos
com estas sagradas coisas
que você nunca saberá.

Como os rios que nós mudamos
Através do tempo, devagar e sempre.

Você vê que nós mantivemos o sagrado fluxo.
As coisas que eu falo são coisas que eu vejo
Procurando paz e vivendo livre.

Autoria desconhecida



http://www.caminhosdeluz.org/90.htm


19 de abril
COM LUCIDEZ!

Yakuy Tupinambá
(Irmã do Mundo)



Aproxima-se o dia 19 de abril e muitos estudantes são levados a pesquisarem sobre nós, indígenas do Brasil, devido à falta de material didático, capaz de transmitir aos alunos da rede pública ou particular de ensino conhecimento sobre cultura indígena.
Em primeiro lugar, existe um equívoco no ensino brasileiro, expresso nos livros de História do Brasil. Lá se fala de um "Descobrimento do Brasil", quando na verdade um território foi invadido, nações inteiras foram dizimadas, milhões de pessoas mortas, em um genocídio de proporções incomparáveis em todo planeta. Aguardamos uma revisão historiográfica, a fim de que seja transmitida a verdadeira história do Brasil.
Não se constrói uma nação sobre mentiras, pois assim jamais um povo se sentirá sustentado em bases sólidas. Sem raízes, não há base sobre o que se sustentar.Nesse período do ano, as escolas públicas costumam "fantasiar" os alunos de "índios", talvez pela falta de criatividade e senso crítico. Com isso, são transmitidas idéias distorcidas e fora da realidade, gerando nesses futuros adultos uma visão equivocada, que promove a segregação.
Nós, Povos Autóctones, habitantes desse continente, não delimitamos ou demarcamos territórios. Cada Nação possui sua organização, umas possuem chefes, outras não. Cada Nação tem suas peculiaridades culturais, seus saberes, sua forma ímpar de lidar com a organização de sua comunidade.
Entre as comunidades indígenas existe algo em comum: a forma de se relacionar com a Natureza, e com tudo que nela existe, porque acreditamos que para haver vida, é preciso cuidar do meio ambiente em que vivemos. Enquanto hoje se discute uma forma racional de consumo, tentando-se a todo custo conscientizar a população da necessidade de preservar o meio ambiente, nós, Povos Autóctones, desde pequenos lidamos com o consumo consciente.
Não somos gananciosos, nem usurários, não acumulamos riquezas, por acreditarmos que devemos viver cada dia como se fosse o último, partilhando o que produzimos, sendo um corpo coletivo. E tudo que aqui existe deve ser cuidado para as futuras gerações.Nossos saberes são muitas vezes hostilizados pela sociedade, somos vistos como primitivos, porém o produto de nosso solo e nossos saberes são usados como matéria-prima pelas indústrias farmacêuticas e de cosméticos.
A "verdade científica" se apropria de uma prática comunitária milenar bebendo na fonte do senso comum.Com a invasão de nossos territórios, somos obrigados até hoje a conviver com as violações que nos foram impostas pelos colonizadores: demarcação de território (impedindo-nos o direito de ir e vir); etnocídio; epistemicídio, ou seja: uma destruição de conhecimentos, idéias e culturas; genocídio (até hoje somos objetos de caça); estupro, miscigenação imposta.
Ainda hoje, somos 230 etnias, e mais de 180 línguas são faladas, em todo território brasileiro, e, no entanto, insistem em usar o tempo verbal do passado, quando falam sobre nós. Descaracterizam-nos, chamando-nos de "índios", pejorativamente, como se não fôssemos humanos, mas simplesmente selvagens.Possuímos religião, moral e ética. Em nossas organizações, não existem sistemas prisionais - cadeias - para punir os que praticam atos delituosos.
Vivemos em comunidade, e não em sociedade: isso não significa que não existam conflitos, mas, cada povo tem sua forma de lidar com eles, sem coação.Se hoje a maioria do nosso Povo não consegue viver dentro dos moldes da civilização ocidental foi devido a um choque de culturas. Mesmo assim continuamos resistindo para manter nossa culturas e tradições. A falta de respeito da cultura ocidental, ainda existente em relação a nós, Povos Autóctones, nos marginaliza.

Deixo aqui um apelo aos pedagogos, professores: Aproximem-se de nós, conheçam a realidade do indígena hoje, transmitam aos seus pupilos uma história mais próxima da verdade, nos colocando em contato, seja nas escolas, seja nas aldeias. Assim transformaremos o dia 19 de abril na esperança de um mundo melhor, onde todos possam estar próximos, respeitando as diferenças existentes!



http://www.indiosonline.org.br/blogs/index.php?blog=4&p=2667&more=1&c=1


- Aprendendo a lição do trovão:
Escute o som do trovão ribombando na atmosfera. Sua manifestação
sonora é poderosa. Sinta esse poder no centro de seu umbigo.
Escute o trovão com toda sua alma!
O ensinamento do trovão é sobre o PODER DO SOM.
A natureza invisível fala.
Aprenda a ouvir.
A morada do trovão é na barriga.

Trecho do texto: Viagem Espiritual Xamânica
por: Wagner Borges.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

ILHA
DE
MARAJÓ
ANCESTRAIS
MARAJOARAS


Marajó é a maior ilha fluvial do mundo, cercada pelos rios Amazonas e Tocantins, e pelo Oceano Atlântico. Localiza-se no estado do Pará-PA, região norte do Brasil.


A arqueóloga estadunidense Anna Roosevelt, maior especialista mundial em pré-história amazônica, incluiu entre as grandes civilizações do mundo antigo os marajoaras, que habitavam a Ilha de Marajó entre os anos 400 e 1300 da Era Cristã. As escavações feitas por ela indicam que a sociedade marajoara tinha quase tudo o que caracteriza as grandes civilizações. Havia classes sociais. A agricultura, com base na mandioca e no arroz-bravo, era desenvolvida, o que favoreceu a vida sedentária. E as aldeias eram populosas. Algumas chegavam a 10 000 moradores - verdadeiras cidades, tão grandes quanto muitas das que hoje há na Amazônia.
Essa grandeza se traduzia também na requintada cerâmica cerimonial. O desenho mais comum é o da serpente, representada por espirais.
As peças mais curiosas dessa arte sacra são as urnas funerárias, nas quais eram enterrados os figurões da tribo. Em algumas havia crânios deformados propositalmente, por meio de faixas amarradas à cabeça desde o nascimento. A prática indicava status e era comum nas culturas andinas.


Mais de 1 000 anos antes do biquini, as marajoaras já usavam tanguinhas feitas de barro. Elas eram pintadas de vermelho ou decoradas com padrões típicos. Os cordões que as prendiam passavam por três furos (veja desenho ao lado), na parte da frente. A maioria dos especialistas acredita que tenham sido roupas de festa, exclusivas da elite. Mas a arqueóloga Denise Pahl Schaan, do Museu Paraense Emílio Goeldi, desconfia que podiam ser parte do gurada-roupa diário. "Algumas têm os furos gastos, indicando uso freqüente". diz ela.

Os Marajoaras foram exímios ceramistas. Para os estudiosos os potes decorados de Marajó teriam função religiosa.
A parafernália cerimonial incluía vasilhas para inalar alucinógeos, bancos para os xamãs e estatuetas imitando falos.

Os marajoaras sumiram misteriosamente por volta de 1300, por causa de brigas internas ou do ataque de outros povos. Quando os portugueses chegaram, Marajó era habitada por índios aruaques. Seus antecessores, até onde se sabe, não deixaram descendentes.
A Amazônia, na época de sua descoberta pelos europeus, no meio do século XVI, ela pode ter chegado a reunir 7 milhões de habitantes – o equivalente à população atual dos Estados do Pará e do Amazonas. O navegador português Bento da Costa, um dos primeiros brancos a percorrer o Rio Amazonas de ponta a ponta, escreveu em 1637 que “se do ar deixasse cair uma agulha, há de dar em cabeça de índio e não no solo”. Descobertas arqueológicas dos últimos quinze anos mostram que a Floresta Amazônica era ocupada por tribos muito avançadas. Elas comerciavam a grandes distâncias e construíram aldeias que se estendiam por quilômetros.
Duas nações sobressaíram: a marajoara, na ilha de Marajó, e a tapajônica, na região da atual cidade de Santarém, no Pará. Quase nada sobrou desses povos, que começaram a se desenvolver mais de 1000 anos antes do desembarque de Cabral. O vandalismo dos conquistadores e a umidade da selva apagaram quase todos os vestígios de sua existência.
Só ficou a cerâmica, reveladora de uma cultura de alto grau de refinamento estético.

Eldorado de Barro / Claudio Angelo in Super Interesante Especial Pré-História Brasileira nº 8 - abril 1999 - Editora Abril.
Mapa: Paulo Nilson

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