sábado, 24 de setembro de 2011

(Foto: Marisol Villanueva)

CONSELHO DAS AVÓS
- Elas se uniram com um objetivo comum: curar o mundo.
Treze avós indígenas procedentes de todos os cantos da Terra



Não é tarde para curar o mundo.



Treze avós indígenas procedentes de todos os cantos da Terra, desde as tribos norte-americanas até a Índia, passando pelo Brasil, África e selva amazônica. Elas se uniram com um objetivo comum: curar o mundo.

Houve um tempo, não faz muitos anos, em que os anciões eram respeitados e admirados pela sua experiência. A eles recorria-se para pedir conselho; eles tinham quase a última palavra dentro das famílias. Mas hoje, na maioria das sociedades ocidentais, a estrutura familiar mudou: se reduziu drasticamente e é cada vez mais rara a convivência de três(ou mais) gerações em um mesmo espaço. O papel dos avós se limita, em muitos casos, a cuidar dos netos que seus próprios filhos não podem atender devido às extensivas jornadas de trabalho. Nossa sociedade rende culto à juventude (aparente ou real) e à novidade, em detrimento à experiência e sabedoria. Quem nos orienta então? Como encontrar esta voz da experiência?


A resposta chega dos que seguem vivendo em contato estreito com a Natureza: os grupos indígenas. Entre os índios americanos, as tribos africanas e da Amazônia, os povos do Ártico ou as comunidades espirituais do Tibet, os anciões são um exemplo, apoio e comando. Dentre estes anciões, têm sido as mulheres as que têm se colocado em marcha para o que consideram uma tarefa de vital importância: aportar sua experiência para curar um mundo que vem sofrendo com a fome, as doenças, as guerras, a falta de diálogo e a morte lenta da Natureza. As "GrandMothers" (ou Avós) são um conselho de treze mulheres indígenas de todo o mundo reunidas para uma múltipla reivindicação: pelo valor dos anciões, pelo respeito à mulher, pela preservação de suas culturas e pela salvação da Terra e de todos os seres que a habitam. Contam para isso, com meios quase exclusivamente espirituais: as Avós possuem a sabedoria que pode nos curar, baseada em seu contato direto com a Natureza e os ensinamentos transmitidos de geração a geração. Ensinam a fazer frente ao desequilíbrio atual e à doença com a fé, a tradição e a medicina natural. Desde sempre, fazem-no desde suas zonas de origem; há apenas um ano, trabalham para todo o planeta no Congresso Internacional das Treze Avós.

Quem são elas:

Aama Bambo - Nepal
Margaret Behan - Cheyenne-Arapahoe
Rita Pitka Blumenstein -Yupik
Julieta Casimiro - Mazateca
Maria Alice Campos Freire - Brasil
Flordemayo - Maya
Tsering Dolma Gyalthong - Tibet
Beatrice Long Visitor Holy Dance - Lakota
Rita Long Visitor Holy Dance - Lakota
Agnes Pilgrim - Takelma Siletz
Mona Polacca - Hopi/ Havasupai
Bernadette Rebienot - Bwiti
Clara Shinobu Iura - Brasil

Biografias podem ser vistas no site do conselho



A profecia do Tambor

O Tambor da Avó é um dos instrumentos do Conselho. Foi construído no ano de 2000 a partir de uma visão das indígenas do Alaska para convertê-lo no símbolo de sua missão. Têm 200 cristais em sua base e viaja por todo o mundo como um símbolo da união universal. Dizem que seu som move almas e corações. Seu centro de pele de búfalo emite um estrondo grave para curar o mundo na próxima década. As Avós percorrem com ele o Anel de Fogo geológico do nosso planeta, um fogo que se ativar, segundo a profecia das Avós, renovará a vontade global de reconciliação e de paz.

Nota: (Texto traduzido livremente por Tatiana Menkaiká. 



 O X Encontro do Conselho das 13 Avós Nativas acontecerá desta vez no Brasil. 

De 21 a 24 de outubro de 2011, Brasília será palco de um encontro que vai valorizar a diversidade cultural e espiritual do Brasil e do mundo: a “Voz das Avós das quatro direções do planeta”
A Voz das Avós reunirá expressões tradicionais de vários países do mundo e das diversas tradições que forma a identidade do Brasil. Este encontro tem como objetivo promover o diálogo intercultural e inter-geracional, apoiar a valorização dos conhecimentos tradicionais e fortalecimento da paz planetária.

(Fonte: http://www.avozdasavos.org/evento.html)

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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011






Visita do Instituto Samaúma ao Cacique Baiara da Aldeia Tucunã Pataxó

Prezados amigos/amigas. A comunidade Pataxó, da aldeia Tucunã, que vistamos dia 28 de janeiro 2011, representa a construção de uma nova aldeia, sob o comando do Cacique Baiara.
São 20 famílias, com 58 pessoas, sendo a maior parte crianças, que são em número de 30 (todas  crianças pequenas).
Estes índios viviam na localidade de Carmésia, Minas Gerais, no entando, os 48 has agricultáveis, já não davam para produzir todo o alimento que a aldeia toda precisava. Decidiram então, separar estas 20 famílias, e a convite de pessoa influente do Governo de Minas, foram orientados a tomar posse do Parque Estadual Rio Corrente, no entanto, sem o aval oficial do governo, para resolver prioritariamente uma questão do IEF, pela invasão do Parque Estadual por fazendeiro, que tomou posse da área do Parque para criação de gado, incluindo búfalos.
A área do Parque é rica em nascentes, de vários rios tributários do Rio Doce, e os búfalos principalmente, já fizeram um grande estrago nas nascentes. Como o governo estadual de Minas Gerais, não tem pessoal suficiente para administrar o Parque do Rio Corrente, utilizou esta estratégia (que é boa) encaminhando os Pataxós para tomarem posse do Parque, buscando resolver duas questões: retirar o fazendeiro da área do Parque e iniciar um processo de transformação do Parque Estadual em Reserva Indígena. Da nossa parte, expressamos nosso reconhecimento e gratidão à autoridade que tomou esta iniciativa estratégica de resolver as duas questões, principalmente porque ela beneficia as famílias pataxós, que precisam de um lugar definitivo para criar seus filhos, manter a cultura tradicional e também dar a sua contribuição na proteção da área do Parque Rio Corrente. Mas, é preciso que o processo continue e haja a transformação o mais breve possível para a Reserva Indígena, com recursos destinados à realização dos projetos que eles precisam ali na área da nova aldeia, principalmente a questão da segurança pessoal do Cacique Baiara e das famílias, em virtude das ameaças do fazendeiro, já conhecida pelo IEF e pela Polícia Ambiental.  
Mas, a comunidade pataxó está sofrendo riscos reais de vida. Há poucos meses, os indios ainda estavam vivendo em tendas de lona e o fazendeiro mandou colocar fogo na área em que os indios estão acampados. O incendio quase dizimou as pessoas e crianças da aldeia, que conseguiram fugir ao fogo, mas centenas de animais, aves e a vegetação foi queimada.
Mas, mesmo com estas graves e reais ameaças que a aldeia pataxó vem sofrendo, eles já construíram as casas de taipa para as famílias, dia 28 quando eu estive lá, estavam construindo a escolinha, já tem uma bonita roça onde plantaram mandioca, milho, abóbora, fruteiras. Já plantaram mudas de árvores que produzem sementes para o seu artesanato. Chegamos, eu e a bióloga Claudia, do nosso Instituto Samaúma, aproximadamente as 14,00 hs e eles estavam trabalhando na propriedade.
O Cacique Baiara, é um homem sabio, bom ouvinte, inteligente e tem a visão de construir uma bela aldeia para criar os seus filhos e desenvolver a tribo.
O Instituto Samaúma, vem trabalhando o resgate da cultura dos povos tradicionais e, dentro deste objetivo, o Cacique Baiara, nos solicitou o auxílio para construção de alguns projetos:
a) construção da Oca Principal (que será feita com as técnicas de bioconstrução do bambu tratado e cobertura de piaçava, que virá da Bahia).
b) O Instituto pretende realizar uma oficina para resgate e repasse deste conhecimento aos indios pataxós da Aldeia Tucunã e auxiliar a construir a oca principal, a escola, o centro cultural e também a horta de plantas medicinais.
c) Além dessas construções através do nosso departamento de biologia, orientar a construção das trilhas temáticas no Parque, buscando reduzir o impacto na mata e permitir a circulação orientada para trabalhos de pesquisa científica e observação da fauna e flora.
d) Projeto de recuperação florestal das áreas que foram degradadas pelo fazendeiro que invadiu o Parque, e as áreas que ele mandou incendiar. Nesta recuperação, falamos com o Cacique Baiara, da importância de utilizar a técnica de agrofloresta, com inserção de frutas nativas para a fauna local.
e) Em nossa experiência com o Maurício Hoffman, especialista em agrofloresta, que apoia o Instituto Samaúma, em um hectare de floresta, pode-se enriquecer a área com frutíferas nativas e dali retirar renda significativa para a subsistência das famílias pataxós.
Esperamos obter também o apoio do Governo de Minas Gerais, através dos órgãos que são responsáveis pelo Parque Rio Corrente e por este movimento que apoia, mesmo de maneira informal a posse já efetivada dos Pataxós na área do Parque Rio Corrente.
No entanto, é preciso lembrar que tudo isto precisa de recursos para garantir a realização dos projetos. Estaremos fazendo contato com os órgãos competentes, com o município de Açuncena, com a Funasa, Funai e também com a direção do IEF, no seu setor de biodiversidade, pois acreditamos que nessas posições existem pessoas que tem real interesse na transformação do Parque em Reserva Indígena e dar o apoio para garantir a segurança e perenidade das famílias Pataxós naquele Parque Estadual Rio Corrente.
Também o Instituto Samaúma está acionando parceiros da área internacional que já se mostraram sensíveis a apoiar este Programa de Resgate da Cultura dos Pataxós e a concretização legal e documental no Parque Rio Corrente com a futura categoria de Reserva Indígena dos Pataxós.
Eu, na qualidade de Presidente do Instituto Samaúma, me coloco a disposição dos amigos, para dar informações, e dentro de uma estrutura de gestão objetiva, apoiar estas famílias que estão até correndo risco de vida, pois o fazendeiro, através de seus cupinchas, mantém ações permanentes de ameaças ao Cacique Baiara e sua tribo, tendo até construído também, perto da aldeia, uma casa de taipa, semelhante à dos pataxós, e o gado ainda permanece na área do Parque Estadual Rio Corrente, fazendo o estrago nas nascentes, cursos de águas, pois são búfalos, que fazem buraco no terreno para se aliviar do calor, pois não são próprios da região.
Na ótica do nosso Instituto e de outros profissionais, biólogos, agrônomos, sociólogos, antropólogos, com os quais matemos contato, a situação territorial nativa do Parque é de risco e também a vida dos pataxós, principalmente das famílias que estão ali sob a direção do Cacique Baiara, pede urgentes providências de proteção do Estado de Minas Gerais.

Ramon Samaúma

Ramão Miranda Padilha - diretor presidente do Instituto Samaúma Ecologia e Desenvolvimento.

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